O cenário antes da guerra - O choque dos interesses
imperialistas das diversas nações européias, aliado ao espírito nacionalista
emergente, é o grande fator que desencadeia o conflito. Na virada deste século,
entra em cena a Alemanha, como o país mais poderoso da Europa Continental após
a guerra franco-prussiana (1870-1871) e a arrancada industrial propiciada pela
unificação do país em 1871.
A nova potência ameaça os interesses econômicos da
Inglaterra e político-militares da Rússia e da França. Alemães e franceses
preparam-se militarmente para a anunciada revanche francesa pela reconquista
dos territórios da Alsácia e Lorena, perdidos para a Alemanha. Por sua vez a
Rússia estimula o nacionalismo eslavo - Pan Eslavismo - desde o fim do século
XIX e apóia a independência dos povos dominados pelo Império Austro-Húngaro.
Por trás dessa política está o projeto expansionista russo de alcançar o
Mediterrâneo.
Preparativos - As diferenças nacionalitas entre a França e
Alemanha são acirradas pela disputa do Marrocos como colônia. Em 1906, um
acordo cede o Marrocos à França. A Alemanha recebe terras no sudoeste africano,
mas também exige da França parte do território do Congo. Outros enfrentamentos
desta vez entre a Sérvia e a Áustria nas Guerras Balcânicas, aumentam a pressão
pré-bélica. A anexação da Bósnia-Herzegóvina pelos austríacos em 1908 causa a
explosão do nacionalismo sérvio, apoiado pela Rússia. Esse conflitos de
interesses na Europa levaram à criação de dois sistemas rivais de alianças. Em
1879, o chanceler da Alemanha, Otto von Bismark, conclui um acordo com o
império Austro-Húngaro contra a Rússia. Três anos depois a Itália, rival da
França no Mediterrâneo alia-se aos dois países formando a Tríplice Aliança. O
segundo grupo à beira do confronto tem sua origem na Entente Cordiale, formada
em 1904 pelo Reino Unido e pela França, para se opor ao expansionismo gemânico.
Em 1907, conquista a adesão da Rússia, formando a Tríplice Entente.
O mundo em guerra - Francisco José (1830 -1916), imperador
do império Austro-Húngaro, aos 84 anos prepara-se para deixar o trono ao
herdeiro. Mas, em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando (1863
- 1914) e sua esposa são assassinados durante visita a Sarajevo pelo estudante
anarquista sérgio Gravillo Princip. Confirmada a cumplicidade de políticos da
Sérvia no atentado, o governo austríaco envia em julho um ultimato ao governo
sérvio. Exige a demissão de ministros suspeitos de ligações com terroristas, o
fechamento de jornais antiaustríacos e a perseguição de sociedades secretas.
Como a Sérvia reluta em atender às exigências, o país é invadido pelos
austríacos em 1o de agosto. O diabólico sistemas de alianças, que impera no
continente, arrasta o restante dos países europeus ao conflito. A Rússia
declara guerra à Áustria; a Alemanha adere contra a Rússia. A França, ligada ao
governo russo, mobiliza suas tropas contra os alemães. No dia 3 de agosto de
1914 o mundo está em
guerra. Reino Unido hesita até o dia seguinte, quando os
alemães invadem a Bélgica, violando a tradicional neutralidade deste país, para
daí atingir a França. Outras nações envolvem-se em seguida: a Turquia, do lado
dos alemães, ataca os pontos russos no Mar Negro; Montenegro socorre os sérvios
em nome da afinidade étnica; e o Japão, interessado nos domínios germânicos no
Extremo Oriente, engrossa o bloco contra a Alemanha. Com a guerra, ao lado da
França 24 outras nações estabelecendo-se uma ampla coalizão conhecida como
"Os Aliados". Já a Alemanha recebe a adesão do Império Turco Otomano,
rival da Rússia e da Bulgária, movida pelos interesses nos Balcãs. A Itália,
embora pertencente à Tríplice Aliança, fica neutra no início, trocando de lado
em 1915, sob a promessa de receber parte dos territórios turcos e austríacos.
Avanço alemão - Na frente ocidental, a França contém o
avanço dos alemães na batelha de Marne, em setembro de 1914. A partir daí, os
Exércitos inimigos ocupam no solo francês uma extensa malha de trincheiras
protegida por arame farpado, a Linha Maginot, e dedicam-se a ataques de efeitos
locais. Essa guerra de posição estende-se praticamente até 1918, sem que nenhum
dos lados saia vitorioso. Na frente oriental, os alemães abatem o numeroso e
desorganizado Exército da Rússia. O maior país da Europa, fragilizado pela
derrota na guerra russo-japonesa (1904 - 1905), paga o preço do atraso
industrial e da agitação política interna provocada pelos revolucionários
bolcheviques. Na época o povo russo atinge o ponto máximo de insatisfação com a
guerra e o colapso do abastecimento. Greves e confrontos internos obrigam o
czar Nicolau II (1868 - 1918) a renunciar ao poder, e a Revolução Russa termina
por instalar no país um Estado Socialista, em 1917. Com a derrota militar russa
consumada, os Aliados correm o risco de a Alemanha avançar pela frente oriental
e dar um xeque-mate na França. A situação leva os EUA a entrarem diretamente na
guerra e a decidirem a sorte do confronto. Durante os anos em que permanecem
neutros, os norte-americanos tinha enriquecido vendendo armas e alimentos aos
Aliados e dominando o mercado latino-americanos e asiáticos. O objetivo dos EUA
na luta é preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma possível
hegemonia alemã.
A paz - Surgem propostas de paz em 1917 e 1918, mas com
pouca ou nenhuma repercussão. Apenas a do presidente norte-americano Woodrow
Wilson (1856 - 1924) ganha importância, inclusive entre a população alemã. Ela
traz a idéia de uma "paz sem vencedores" e sem anexações territoriais,
em um programa com 14 itens. Mas, em julho de 1918, forças inglesas, francesas
e norte-americanas lançam um ataque definitivo. A guerra está praticamente
vencida. Turquia, Áustria e Bulgária rendem-se. Os bolcheviques, que com a
queda do czar russo assumem o poder após dois governos provisórios, já haviam
assinado a paz em separado com a Alemanha, em março, pelo tratado de
Brest-Litovsk. A fome e a saúde precária da população levam a Alemanha à beira
de uma revolução social. Com a renúncia do kaiser, exigida pelos EUA, um
conselho provisório socialista negocia a rendição.
Tratado de Versalhes - Em 28 de junho de 1919 é assinado o
Tratado de Versalhes. Pressionada por um embargo naval, a Alemanha é obrigada a
ratifica-lo. Com ele, perde todas as colônias que são repartidas entre os
Aliados, e parte do seu território. Também passa a ser atravessada pelo chamado
"Corredor Polonês", que dava a Polônia acesso ao Mar Báltico, e
divide o país em dois. Deve
ainda pagar monumentais indenizações por todos danos civis causados pela guerra
e fica proibida de formas um Exército regular. Mas essas providências, para
evitar que a Alemanha possa vir a ter condições econômicas e políticas de se
lançar numa nova aventura bélica, terão o efeito contrário. Tanto que o mundo
saído do Tratado de Versalhes é o berço de regimes totalitário em muitas
nações, do comunismo ao facismo e nazismo, que afiam as armas para, poucas
décadas depois, deflagrar a 2a Guerra Mundial. O pós-guerra apresenta um
desenho da Europa, com a dissolução dos Impérios Áustro-Húngaro, Turco-Otomano
e Russo, e o surgimento de novos países.
FONTE: EDMS – Trabalhos Escolares, Educação & Diversão (ANO 2000 - 2003)
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